CIDINHA DA SILVA E IRIS AMÂNCIO DEBATEM NO FLI-BH PRODUÇÃO LITERÁRIA, REPRESENTAÇÃO E CONVERGÊNCIA
Nesta quinta-feira, dia 26 de setembro, o FLI-BH promoveu o Encontro com as autoras Cidinha da Silva e Iris Amâncio, no Teatro Francisco Nunes. O bate-papo, que teve mediação da comunicóloga e pesquisadora Etiene Martins, tratou de questões relacionadas à produção literária, à representação popular e à convergência das mídias.
Cidinha relembrou de como surgiu sua vontade de escrever e destacou que ela se constituiu escritora a partir da leitura. “Foi ao ler crônicas de Carlos Drummond de Andrade que tive vontade de escrever minhas próprias histórias.” Após a universidade, sentiu a necessidade de registrar também os temas decorrentes de sua atuação no ativismo político.
Já Iris Amâncio comentou que sua atuação como editora com a Nandyala Livros surgiu da necessidade de publicar autores negros africanos que participavam de um evento literário promovido pela Universidade Federal Fluminense (UFF). “Devido à minha atuação como professora, já tinha contato com vários desses escritores. Como ao buscar espaço para publicá-los só obtive negativas, resolvi que era hora de partir para ação.”
Sobre o sucesso mercadológico de determinados autores e autoras negras, Cidinha apontou que trata-se de um fenômeno ligado a operacionalização do racismo, que quem deve ser a ‘bola da vez’. “Precisamos entender e aproveitar determinados momentos para colocar em evidência o trabalho de outros autores.” No mesmo sentido, Iris Amâncio ressaltou que o mercado pensa na perspectiva da circulação financeira para escolher quem publicar.
Os eventos literários, sua relevância para a formação de leitores e para a visibilidade de escritoras e escritores negros também estiveram na reflexão das autoras. “É importante que não nos deixemos contaminar por esse atual clima de produção de celebridades que tomou conta das artes”, ressalta Cidinha.
Tanto Cidinha da Silva quanto Iris Amâncio reconheceram a importância da utilização das redes sociais digitais para repercutir as várias vozes negras. Apesar de se considerarem pouco adeptas às novas tecnologias, ambas consideram que é um espaço que precisa ser ocupado. “Eu não quero ter uma loja virtual que não é conhecida, que não vende. E para isso, as pessoas precisam saber que ela existe e conhecer seu conteúdo”, completou Cidinha.