Os autores Allan da Rosa e Nivea Sabino formaram a mesa “Meu sangue cachoeira é terreiro de folia – Poética da diáspora e a palavra escrita”, mediada pela professora e ativista Duda Salabert – Foto: Maíra Cabral
Os autores Allan da Rosa e Nivea Sabino formaram a mesa “Meu sangue cachoeira é terreiro de folia – Poética da diáspora e a palavra escrita”, mediada pela professora e ativista Duda Salabert – Foto: Maíra Cabral

O LADO POLÍTICO DA LITERATURA PAUTA CONVERSA ENTRE ALLAN DA ROSA E NIVEA SABINO NO ÚLTIMO DIA DO FLI-BH

A literatura, em sua natureza de leitura ou de escrita, pode exercer um papel de engajamento e conscientização política e social em leitores. A partir das trajetórias e perspectivas da literatura enquanto ato de resistência em suas próprias experiências, os autores Allan da Rosa e Nivea Sabino formaram a mesa “Meu sangue cachoeira é terreiro de folia – Poética da diáspora e a palavra escrita”, mediada pela professora e ativista Duda Salabert.

Durante o bate-papo, os convidados discutiram a importância da literatura marginal que dá visibilidade as minorias e as manifestações culturais periféricas, aspecto que uma arte neutra não é capaz de transmitir. Os autores destacaram a tradição literária que vai além da escrita, ressaltando a potencialidade da escuta e da realidade, pois abraça outros aspectos das vivências plurais do indivíduo. “Existem várias formas de compreender o tempo, a literatura é só uma delas. Quando você lê um livro, você também coloca seus afetos e suas memórias naquela leitura, mas a fala e a escuta também nos dão essa possibilidade”, destaca o escritor Allan da Rosa.

Nivea Sabino, que além de poeta também assina a curadoria do 3º FLI-BH, também ressalta a importância da literatura expressar o olhar de minorias e pessoas que estão à margem da sociedade. “Existem muitas pessoas que fazem o exercício de capturar a poesia por um olhar poético. É preciso compartilhá-lo sempre”, comenta a escritora.

A representatividade também foi um assunto importante colocado durante a discussão, tida pelos convidados como uma forma importante de combater o silenciamento. “A luta não deve ser vista como moda, e sim um modo, um tom de posicionamento”, comenta Allan da Rosa. “Não podemos confundir o silenciamento com o silêncio, pois nossa voz sempre existiu e está aqui”, conclui o autor.